A Marselhesa, finalmente.
Naquele dia, bastava que Prost marcasse os dois pontos de um quinto lugar para se sagrar campeão mundial com duas corridas de antecipação e derrotar seu grande ríval, Michelle Alboreto, da Ferrari. Colocado no lado externo da terceira fila do grid, ele evitou Rosberg da Williams que largou mal, tomou a trajetória interna, reposicionou seu Mclaren mas fechou a primeira volta em decimo quarto lugar. E terminou a corrida em quarto... "Eu estava com raiva, quase mordendo o volante. Esses três pontos me custaram um esforço impressionante. Mas conquistei o campeonato mundial".
Em 1985,a Formula 1 vinha sendo dominada havia três anos pelos carros com motores turbo. A vitória da Renault, que foi a pioneira dos turbocompressores, no GP da França de 1979, depois de três anos de espera, havia atraído construtores como BMW, Honda e Porsche. A Mclaren MP4/2B era referência. Uma evolução do modelo que, no ano anterior, proporcionara a Lauda seu terceiro título mundial com meio ponto de vantagem sobre Prost.
Ela fora criada pela Mclaren International, fundada por Ron Dennis em 1980 sobre as fundações da Mclaren Cars e da famosa Project Four(MP4), projetada pelo novo diretor técnico John Barnard. Extremamente criativo, esse inglês de 34 anos havia iniciado sua carreira na Chaparral, nos Estados Unidos,foi o primeiro a conceber, e usar no MP4, um monocoque feito inteiramente de fibra de carbono, produzido pela Hercules, uma empresa aeroespacial americana. No ano seguinte, diante da necessidade de ter um motor turbo, a TAG encomendou à Porsche, uma das maiores especialistas em motores turbocomprimidos, um exclusivo motor V6 com ângulo de 90 graus e 1,5 litro de cilindrada.
O Mclaren MP4/2 foi também o primeiro carro a utilizar eficientemente os freios de carbono da SEP, uma empresa francesa que fornecia peças e equipamentos para a indústria aeroespacial. O MP4/2B de 1985 ainda inovava com uma unidade central de gerenciamento eletrônico, desenvolvida pela Bosh, que comandava a injeção de combustível e a ignição. Dos 510 cavalos do Renault V6 de 1977, a potência dos motores turbo se aproximava dos 880 cavalos nas corridas e de 1.000 cavalos nas classificações. Inovadora no plano da tecnologia e da aerodinâmica, desenvolvida pela dupla Lauda-Prost, a MP4/2B devia sua superioridade a um perfeito compromisso entre a utilização dos pneus e o consumo de combustível, cujo limite por corrida havia caído de 250 par 220 litros.
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Motor TAG Porsche |
Brands Hatch. A redenção. Aos 30 anos, Prost se torna campeão mundial. Com diferença de poucos meses, ele conquista o título 10 anos depois de ter ganho o volante Elf em Paul Ricard.
Depoimento de Alain Prost sobre o MP4/2B: "O Mclaren MP4/2B era um bom carro. John Barnard havia retocado numerosos pontos e modificado radicalmente a suspensão traseira. Ele foi particularmente bem sucedido, já que o carro se mostrava espantosamente à vontade nas curvas longas. O motor subia de giro de forma impressionante e o carro tinha uma capacidade extraordinária de se adaptar a todos os tipos de circuitos. O MP4/2B era excelente nas pistas velozes, bom nas de média velocidade, mas um pouco menos eficiente nos sinuosos como Mônaco, que exige boas reacelerações. Em Spa, o carro se revelou um exemplo de eficiência. Nunca tive um carro tão competitivo como naquele ano, ele era tão bo em Nurburgring como em Silverstone ou em Spa."
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