sábado, 18 de setembro de 2010

ESPECIAL Carros da década #6

O sol batia forte naquela tarde em Interlagos quando os 20 carros que competiam pela temporada 2009 da Formula 1 largaram para o GP do Brasil, penultima etapa da temporada e que consagraria um carro que havia passado por tantas incertezas que até sua participação na temporada havia sido colocada em cheque. Hoje chegamos ao último capitulo de nosso primeiro especial no Blog Motorhome, o carro de hoje é o BGP001, que quebrou um tabu que permanecia desde o W196, quando o carro havia vencido em sua estréia, o BGP001 não só venceu em sua estréia, como venceu o titulo de pilotos e realizou o sonho de Ross Brawn, um grande estrategista que com muita fé e perseverança viu uma equipe com seu nome brilhar.

O sonho de Brawn

 

Quando Ross Brawn fechou o acordo com a Honda e comprou sua equipe pelo simbolico valor de 1 dolar, ele já tinha anos antes largado um emprego estável na unidade de pesquisa atômica da Grã-Bretanha para ir operar máquinas na fábrica da March. Após esse passo Ross galgou os degraus na Formula 1 com muita competência, mecânico de F-3 na March, operador de máquinas, depois técnico em desenvolvimento e depois engenheiro de aerodinâmica na Williams, engenheiro de aerodinâmica na Beatrice, projetista-chefe na Arrows (são dele os projetos do A10 e A10B), projetista-chefe na TWR, onde desenhou o Jaguar XJR-14 do mundial de protótipos, diretor-técnico da Benetton, diretor-técnico da Ferrari e finalmente chefe de equipe da Honda.

Ross Brawn e o BGP001

Porém nem toda essa bagagem no automobilismo deixou Ross Brawn calmo no primeiro teste do BGP001. Era uma manhã fria no autodromo de Silverstone, nos boxes, dentro de um carro inteiramente branco com filetes preto e cor de marca texto, Jenson Button ouve atento os conselhos de seu engenheiro, acompanhado de um Rubens Barrichello atento como uma criança, antes de acelerar pela primeira vez o carro com que ele conseguiria finalmente o título mundial de Formula 1. Depois de 4 meses de incertezas quando a Honda anunciou que abandonaria a Formula 1, Ross, Jenson e Rubens trabalharam incessamente durante o inverno europeu e enquanto todas as equipes testavam e evoluiam seus bólidos para a temporada, os três aguardavam.

Primeiro teste do BGP001
Depois das primeiras voltas com o carro na pista inglesa, Button desceu do carro e disse "o carro é muito bom, não sei onde vamos estar na Austrália mas o carro é competitivo e isso que importa". Na Austrália, eles estariam na primeira fila do grid de largada, após apenas uma semana de testes. O maior segredo estava na relação aerodinâmica do carro, desenvolvido nos sofisticados túneis de vento da Honda, com um novo difusor traseiro, interpretado por Ross Brawn perfeitamente e o casamento exato entre chassis e o potente motor Mercedes.

Jenson Button e Rubens Barrichello, dobradinha já na primeira corrida.
Após a largada do GP da Austrália, a Formula 1 viu 6 vitórias em 7 corridas de Jenson Button, na Australia, Malasia, China,Espanha, Mônaco e Turquia somadas as duas vitórias de Barrichello no ano em Valência(está a centésima vitória brasileira na Formula 1) e Monza, contabilizaram 8 vitórias para a estreante Brawn. Mas nem tudo foram rosas para a equipe, contrariados com a interpretação feita pela Brawn(e também por Toyota e Williams) na questão do difusor traseiro, Ferrari, Mclaren e Renault protestaram perante a FIA a legalidade do aparado. Enfim, após ameaças de ter seus resultados iniciais caçados, a Brawn foi julgada dentro do regulamento pela FIA no dia 15 de abril de 2009.

Polêmico Difusor
Assim a Brawn viveu dias de glória da F1, titulo de pilotos, de construtores, e mesmo com uma briga interna pelo titulo da temporada entre Barrichelo e Button e um crescimento sensacional da Red Bull, o clima dentro da equipe continuo o melhor possível, afinal todos sabiam que após os tempos de frustração com a Honda e a incerteza no inicio do ano, todos eles fizeram um grande campeonato. Ao fim do ano a Brawn foi vendida para a Mercedes, Rubens Barrichello transferiu-se para a Williams e Jenson Button levou o número 1 para a Mclaren. Era o fim da melhor equipe da década.

Barrichello vencendo a centésima corrida para o Brasil na F1, no capacete homenagem ao acidentado Massa.
O que diz Jock Clear, engenheiro de Barrichello sobre o BGP001: "As equipes estão projetando e desenvolvendo seus carros agora através de softwares, num mundo virtual. Nós não colocamos muita ênfase nos acertos do ano passado, até porque nosso carro era um ‘balde de merda’, como se diz no jargão da Fórmula 1. É melhor assim. O que faz nosso modelo atual ser tão bom é o trabalho feito pelos projetistas nos supercomputadores e no túnel de vento. É nesse tipo de informação que buscamos nosso acerto e conseguimos fazer isso com nossas ferramentas de simulação na fábrica"

Nenhum comentário:

Postar um comentário