sexta-feira, 29 de outubro de 2010

El Penta #1

A sessão perfil cresce o nível e chega a Juan Manuel Fangio, primeiro pentacampeão da história da F1 que construiu uma carreira lendária de um modo muito peculiar, vamos a ele.
Juan Manuel Fangio, piloto argentino nascido em 24 de junho de 1911 na pequena cidade de Balcarce, situada a 400km de Buenos Aires. Filho de um imigrante italiano e mãe argentina. Desde a infância dedicou-se a prática de esportes, chegou até a tentar o futebol, sem grande sucesso.


Só em 1934, aos 23 anos é que começou a realizar, ainda que muito mal, o sonho de ser piloto de competiçao. Seu físico robusto, sua extraordinária resistência à fadiga e seu excelente conhecimento de mecânica contribuíram para que Fangio se tornasse um dos maiores corredores de todos os tempos.


Durante praticamente toda a história da Formula 1, deteve o recorde mundial de títulos com 5 triunfos, sendo superado apenas em 2003 por Michael Schumacher, quando este conquistou o sexto dos sete títulos mundiais.


Na escola Fangio não chegou a obter resultados animadores. Embora revelasse possuir um inteligência brilhante, dedicava-se aos estudos de maneira muito inconstante, demonstrando interesse apenas por algumas matérias. Os livros não o atraíam tanto quanto o ronco dos motores, nas horas livres frequentavam a oficina mecânica de um de seus amigos, Capetini, onde obteve as primeiras noções de mecânica e começou a conhecer os motores. A capacidade revelada por ele convenceu Capetini não só a ensinar-lhe o que sabia mas também a deixá-lo pôr em prática os conhecimentos que adquiria.


Após essa experiência inicial, Fangio interrompeu os estudos aos dezesseis anos e empregou-se como aprendiz em outra oficina local, dirigida por um mecânico chamado Viggiano, que preparava alguns carros para competição. Nessa época, Fangio já tinha definido seus objetivos, participar ainda que como simples mecânico, do restrito grupo de pessoas que se dedicava as corridas.

A primeira oficina mecânica de Fangio
O grande sonho do jovem mecânico teria de esperar, sua pouca idade e as modestas condições econômicas de sua família o obrigavam a pensar principalmente no salário. Pouco tempo depois, juntamente com os irmãos, instalou em sua própria casa uma pequena oficina, na qual passou a consertar debulhadoras e tratores agrícolas. Em 1932, convocado para o serviço militar, transferiu-se para Buenos Aires. Ao regressar a Balcarce, com a ajuda do pai e dos irmãos, abriu uma pequena loja de automóveis, montada com as economias que conseguira fazer, até então.


Durante dois anos, a loja proporcionou a Fangio e sua família lucros discretos. Em 1934 começou a dar os primeiros passos como piloto de corridas, com um Ford modelo T, emprestado por um amigo. Inscreveu-se para uma competição, mas a quebra de uma biela obrigou-o a retirar-se. A má sorte o perseguiria também em sua segunda competição, com outro Ford T, adquirido com um pequeno capital que com muito custo havia economizado, não conseguiu sequer largar para a prova, pois passou a noite toda em claro regulando o motor do carro e acabou chegando atrasado para a prova.


Desencorajado pelos primeiros insucessos e encontrando oposições cada vez maiores da família, que não estava em condições de arcar com os gastos necessários para competir, decidiu abandonar as corridas e reiniciou as atividades como mecânico.
Fangio em ação nas corridas de Carreteras
Oscar Galvez
Sua paixão pelas competições, contudo, jamais diminuiria. Em 1938, com a ajuda de Totó, um de seus irmãos, construiu um carro enorme, utilizando um motor Ford que, a muito custo, alcançava os 85cv. Montou o curioso engenho sobre um velho chassi de um modelo de 1934 e inscreveu-se com esse veículo na competição de Necochea. Durante os treinos, Fangio, mais animado, conseguiu estabelecer um dos melhores tempos. Na partida, sabendo que competia contra veículos bem mais velozes, enlameou furtivamente o trecho incial da pista. A potente Alfa de Carlos Arzani derrapou na lama, o velho Ford partiu velozmente e liderou a primeira volta. O sétimo lugar(resultado medíocre para a competição) obtido nessa corrida deu maiores esperanças a Fangio.


Após essa primeira experiência, Fangio passou a correr regularmente, alternando bons e maus resultados. Quase sempre encontrava dificuldades para acertar os carros que usava, a insuficiência mecânica dos veículos o impedia de manter um nível mais constante de desempenho.


Pouco tempo depois, Fangio aceitou tornar-se segundo piloto de um conhecido corredor da época, chamado Finochietto. Este, mais experiente, transmitiu-lhe seus conhecimentos de pilotagem e orientou-o quanto a melhor maneira de enfrentar as difíceis pistas em que corriam. Juntos, conseguiram vencer brilhantemente o Grande Prêmio da Republica, uma prova importante e difícil, que exigia grande esforço dos pilotos.
Fangio ao lado de seu carro em 1940
Em outra prova, Fangio conheceu mais de perto o outro lado das corridas: nas 300 Milhas de Três Arroyos, cinco concorrentes perderam a vida em um desastre de graves proporções, que acabou por determinar a suspensão da prova. O acidente levou-o a preocupar-se ainda mais com sua segurança. No ano seguinte (1939), Fangio disputaria outras competições, ainda com seu velho e mal preparado Ford.
No GP Ciudad de Mar Del Plata classificou-se em oitavo lugar, mesmo correndo contra adversários que pilotavam veículos muito mais modernos e potentes. Provavelmente, se dispusesse de um veículo mais competitivo, Juan Manuel fangio poderia – como acreditavam seus amigos e admiradores de Balcarce – ter vencido a corrida.


Inconformados com a condição de piloto de segunda plano a que viam relegado seu ídolo, os habitantes de Balcarce resolveram ajuda-lo a se impor com um dos melhores corredores argentinos da época. Para tanto, fizeram uma subscrição popular em sua cidade e, com os fundos recolhidos, compraram um Chevrolet usado, já velho, mas muito mais potente que o Ford. O ex-mecânico passava a ter, finalmente um carro em melhores condições.


Com esse Chevrolet, Fangio participou de uma longa série de “carreteras”, ou seja, corridas argentinas típicas, que se caracterizavam por percursos de milhares de quilômetros, disputadas em estradas muito ruins, os percursos, normalmente variavam de 3.500 a 4.000km, mas em algumas carreteras alcançavam distâncias maiores.
O Chevrolet da primeira vitória
Nessas condições verdadeiramente massacrantes, Fangio desenvolveu notável resistência à fadiga, aprendeu a superar todas as dificuldades que se interpõem no caminho do piloto durante as corridas e familiarizou-se com as leis, não escritas mas observadas por todos os grandes pilotos, da correção e da solidariedade. Certa vez, perdeu o controle do carro e saiu da estrada, caindo numa ribanceira coberta de neve., As rodas patinavam e ele se viu obrigado a empurrar o carro de volta para a pista, mas, sozinho como estava, não conseguia mover o carro o suficiente para soltá-lo. Pouco depois, passou pelo local outro piloto, Oscar Galvez, que tinha partido algum tempo depois de Fangio: Galvez parou e ajudou-o a empurrar o carro para a pista, o que lhe permitiu continuar a corrida.


Episódios como esse ocorriam com freqüência nas longas provas das carreteras, em que os pilotos nõa dispunham de assistência alguma, a não ser da que eles mesmos se prestassem mutuamente. Em pouco tempo Fangio tornou-se especialista nesse tipo de competição e obteve várias vitórias, tanto por etapas, quanto por corridas completas. Em quase todas as carreteras de que participou nessa época, Fangio teve como principais adversários os irmãos Juan e Oscar Galvez. Este último chegou a disputar com ele interessantes duelos de técnica e resistência, que acabaram por dividir os aficionados argentinos de automobilismo em “fangistas” e “galvistas”.


Essa rivalidade e como foi a decisão entre quem seria o maior piloto argentino, você saberá sexta que vem, na sessão perfil.

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